quarta-feira, 25 de abril de 2012



Um pequeno retrato do Rai



Meu amigo Rai estava morrendo e eu sabia disso. Já há alguns anos ele havia perdido um rim, e depois disso descuidou-se da saúde. Sabe-se lá porquê. Quando deu por si, há ano e meio atrás,já tinha o outro rim comprometido e aí começou sua luta, que acabou no dia 17 de abril.Foi uma luta difícil e o seu sofrimento foi grande. Já pra começar, não bastasse a eminência do colapso físico, teve todo o drama do colapso da saúde pública, a burocracia e a demora no atendimento em vários procedimentos. Só que não é disso que quero falar. Quero agora que o Rai se foi, falar do amigo e da alegria de ter sido uma das escolhidas para ser sua amiga .
Raimundo Carvalho Bandeira de Mello. Um homem inteligente, culto, elegante,discreto. Grande amigo e companheiro. Não dizia não a nenhuma amiga ou amigo. Era cercado de mulheres, nós, as meninas do Rai, mas foi também fiel aos amigos homens. Nunca se casou, nem teve filhos. Não fez o sucesso que merecia, porque o Rai tinha uma arrogância inata e um orgulho tão grande da sua postura e sua ética, que não o tornou vendável ou consumível. Não era gay, nós as suas meninas, a quem possivelmente amou muito, chegamos a conclusão de que ele nunca se casou porque não queria abrir mão de nenhuma de nós. Foi um excelente fotógrafo, desses que fotografa uma flor com a intenção do registro poético. Animais, bebês, nuvens, árvores. O Rai era fascinado pelo belo. Amava os clássicos, na literatura e na música, era um lorde vestido de plebeu. Aristocracia própria, claro, do signo de Libra.
Tive, como já disse , a sorte de ser sua amiga, uma de suas meninas, e de ser também sua companheira de trabalho, inúmeras vezes. O Rai me acompanhou nos meus filmes, fazendo still, fazendo assistência de direção, minorando minhas angústias e incertezas, na maior sinceridade , com o maior carinho. Participou de momentos importantes das vidas de meus filhos, sempre fotografando os aniversários, atendendo nossos pedidos. Fez parte da minha família e isso data dos anos 80, quando chegou para ficar.Fizemos viagens a trabalho juntos, viagens de lazer.T atividades em comum. Eu faço cinema e amo o cinema. O Raí também . O Rai me trouxe as minhas melhores amigas, Arlete e Shirley, a “ Lelé” e a da “ Cuca”, o Rai me deixou uma grande família de amigos. A Grande família do Rai, do qual me orgulho pertencer.







Rai, vou te amar pra sempre!
Cris

terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu adoro Cabo Frio!






Chego em Cabo Frio e meu coração pula de alegria. Terra natal do meu pai. Família de antigos salineiros,fundadores desse Cabo Frio que vemos hoje. Já foi muito mais bonito e melhor...não é nostalgia, é simples constatação da realidade. A começar pela viagem..era mais penosa,sem dúvida, no tempo que nem tinha ponte, era muito demorada...mas valia.Havia um frisson na espera da barca que faria a travessia dos carros. Lá já começava o pic-nic e os encontros. Na verdade, quase todos ali já se conheciam. A cidade ainda era pequena e os seus habitantes eram uma grande família de amigos e parentes, ligados ao sol e ao sal da terra. O vento, as casuarinas, as dunas, os moinhos de vento...as salinas. Tudo já começava a encantar na cor indescritível da Lagoa de Araruama.Um azul turquesa de arrepiar , e fazer sorrir a alma sedenta da beleza pura e cristalina daquelas águas. O horizonte claro e sem fim que se descortinava ao longe,trazendo lágrimas aos olhos agradecidos. Era belo demais. Hoje, nem tanto. O homem tanto fez que poluiu suas águas, escureceu o azul que hoje se mistura ao marrom e cinza...esgoto, sujeira....tristeza!

Mesmo assim, a capacidade de amar que o homem tem, felizmente,é superior ao que ele pode destruir. Tantos anos depois, a cidade ferve. Cheia, enfeiada pelo crescimento sem planejamento.Um trânsito de cidade grande, cheia de sinais, cruzamentos e tome engarrafamento...uma lástima. Por sorte, como eu já disse, o ser humano nasceu para amar e ama incondicionalmente até o que não devia. A cidade pede socorro, e eu quero socorrer...Como? Também não sei. Só que Cabo Frio continua lindo, o vento insiste em soprar, e isso leva a crer que, ainda podemos mexer e ajudar com o vento ,a varrer a sujeira e o que impede que essa cidade também maravilhosa, possa voltar a ter o glamour do passado, que atraía o olhar embevecido dos que curtem a natureza pura e intocada. Muitas vezes, menos é mais. Menos ganância,menos roubo, menos corrupção, menos sujeira ,menos poder....tudo isso pode gerar mais serenidade e união para que lutemos por uma cidade bonita e justa. Romântica como poucas, sugiro mais amor no trato a Cabo Frio. Que os políticos e os eleitores se lembrem de que só o amor constrói. O resto é politicagem, discurso vazio para angariar votos,que jamais serão honrados com as promessas feitas. Vamos votar no vento que pode levar a uma bela estação de ar puro e renovado, cheio de esperança . Isso é alimento para o corpo a para a alma. O resto virá por acréscimo.Voto sim,por uma cidade justa que abençoe seus habitantes com educação,trabalho e dignidade.
Vamos trabalhar!