A lua e a dica de Buda
Ontem
fui a uma bela cerimônia do Wesak, a lua de Buda, festejando a sua iluminação.
Foi ótimo ter ido, e a luz que vi brilhar em muitas velas, e o olhar feliz e
disposto de muitos participantes, fizeram justiça à lua que se diz ter sido a
maior do ano. Tudo muito lindo, em homenagem a mais um ícone/entidade
espiritual, que carrega multidões de
fiéis. Tudo fez sentido e o que me deixou ainda mais feliz, foi eu mesma ter me
iluminado em relação a várias questões pessoais. Por favor, não me creiam
arrogante, pra eu me iluminar ainda faltam várias vidas, mas uma chama brilhou
e eu vi o que já devia ter visto.Tenho estado parada há mais ou menos dois
anos. Procurando respostas e soluções, o próximo passo no meu tabuleiro de
xadrez. Como é usual e mais fácil, tenho
atribuído a responsabilidade da minha parada a vários fatores externos. O filho
que se mudou para São Paulo, a filha que se mudou para Goiânia, o dinheiro
esperado para continuar o trabalho que nunca sai, a alta dos imóveis para justificar não ter ainda comprado meu apartamento, a
crise de coluna, as sucessões de gripes, a tristeza com a doença do amigo,
alguns conflitos com pessoas próximas e queridas e por aí vai : se correr o
bicho pega, se ficar o bicho come. E eu, indefesa,parada na minha arena,
brigando comigo mesma, me machucando, sem vestir as luvas de Box e proteger os
dentes...querendo lutar sem os instrumentos necessários nem a determinação para
dizer ou não. Parada! De repente, depois de tanto tempo em atitude
contemplativa, o discurso de alerta da filha mais velha, a lua desconcertante,
as chamas das velas amarelas, os mantras entoados e eu meditando,acordei! E foi
tudo muito simples, como deve ser a vida quando a gente não complica. Medo!
Assumo que não tenho caminhado por medo...não quero isso, nem aquilo, nem nada
sei por medo de me arriscar e cair. Eu,
que sou uma guerreira, brava e corajosa, me escondi de mim para não ter que
admitir a minha própria culpa. Amigos, “ quem não arrisca,não petisca”, mesmo
morrendo de fome...emagrece, seca, mas não anda....tudo muito simples. Por
sorte, tudo aconteceu, sem que tivesse perdido a fé, a alegria e a vontade de
caminhar, mas hoje, estou calçando novos calçados para uma nova estrada. O medo
que me esqueça porque já me esqueci dele. Um grande ensinamento de Buda é de
que tudo é passageiro. O medo passou também. Namastê!